Sessenteando...
Numa tarde de agosto, nasci.
Década de 60, seis décadas de aniversários.
Nesse dia costumo me emocionar (coisa que é comum em mim) mas é de um jeito diferente.
Num hoje desses tantos dias percebo que sem desalento o tempo ultrapassou minha criança não crescida, acrescida de tantos desejos infantis.
Percebi e sinto que nada passou no lento, nem tampouco desatento.
Percebo o branco escurecendo as cores dos cabelos escuros.
No rosto, os tantos agostos, descrevendo gostos, desgostos, escritos em tantas páginas, revelando o que o coração não quis revelar.
O espelho traidor, espelha entre suas tantas faces uma nova velha leitura vintage na face, reescrevendo um queixo entre aspas.
Sempre gostei delas.
Será por isso o presente dessa ruga? Ou seria porque venho me "queixando" delas?
Talvez seja a ironia se exprimindo, imprimindo "expressões" que não são usadas diariamente.
Talvez seja o destaque de tantos inícios e fins.
Significado das aspas, função das rugas.
Nesse dia choro um rio, num mesmo tanto que rio, de mim, entre aspas, com sorrisos de lembranças, de ser lembrada, de me sentir amada.
As tantas memórias do dia em que nasci, foram sempre como presentes em embalagens de ouro, tão bem detalhadas e contadas como cantigas de embalar, pela minha mãe, meu tesouro.
Nunca cansei de ouvir as histórias simples e tão especiais:
"Dia de céu azul, sentada à minha espera num jardim, parindo coloridas flores rosas."
"Dia de agosto, com um pai querendo gerar gostos, oferecendo sabores doces à doce mãe, para amenizar quaisquer dores."
"Dia de mãos de freiras me trazendo para o mundo, enfeitando com laços meu bercinho, enlaçando, desde então, meu jeito de olhar esse mundo."
Nesse dia me alimento desses, de tantos, de todos os amores.
Poemas, que não preciso escrever.
Nele me sinto renascer nos abraços, nas histórias, nas lembranças, nos afetos.
Nesse dia sempre tenho o aconchego, o colo, onde me deitar, coberta de amor.
Nesse dia sempre tive o privilégio de ter o momento festivo anunciado amorosamente por uma de minhas irmãs queridas, com a satisfação de ser quase sempre a primeira a fazer isso, acompanhada de suas alegres mensagens e presentinhos especiais.
Dia presente, de eternos presentes.
Nesse dia navego em choros, viajando em desejos acesos em pequenas velas sopradas.
Nesse dia vejo que o amor é um fato que perpetua as idades, sem contar o tempo, desenhando vivas em vivas cores, num sempre de alegria infantil em todas elas.
Nesse dia agradeço a tudo e a todos que fazem e fizeram parte dos belos agostos, dos gostos bons e amargos, dos bolos confeitados com sonhos de recheios que adoçam minha história.
Esse dia me faz sessentear, num feliz de aniversário!
Como sempre, lindo texto!!
ResponderExcluirAinda bem q nao cheguei.nos sessenta, qdo chegar analiso melhor, tá?? (faltam 15 dias...kkk)
Sessenta anos parece um.divisor de águas...uma idade bem marcante, mas como temos alma de eternas crianças, dificilmente chegaremos nela. Parabéns Érica..muita paz, alegrias e principalmente saúde. Bjssss
E esqueci de dizer uma coisa, q foto mais lindaaaa é essa??? Devia por num quadro, q criança lindaaa.
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