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Mãemórias

Mãemórias

Nos tantos dias de memórias fiquei recentemente relembrando alguns dos diversos talentos de minha mãe e avó. Dentre vários, o crochê era um deles.

Lembrei que, entre os muitos trabalhos, fizeram bolsinhas de crochê pra mim.

A da minha vó, ganhei quando tinha uns 8 anos. 
Foi a primeira vez que vi uma bolsinha assim.

Fiquei fascinada!

Era verde e laranja, com desenhos geométricos e pontos variados que formavam um saquinho vertical e se fechava com um cordão cujas pontas tinham pingentinhos de franjas.

Percebi nesse presente que era possível criar, produzir e realizar coisas a partir dos nossos talentos. 

Percebi o quanto era habilidosa essa avó, e o quanto desse dom herdaram minha mãe e também tias e primas.

Talvez isso tenha sido uma das primeiras inspirações no meu querer e fazer de tantas artesanias. 

A bolsinha da minha mãe foi um pedido meu. Queria ter uma peça assim feita por ela. 

Essa eu ainda tenho e guardo com carinho.
A da vovó, só tenho na lembrança.

As duas foram elaboradas com o luxo da simplicidade e repletas de afeto. 

Mesmo no pequeno dos seus tamanhos, nelas podia carregar as enormes riquezas do aconchego e poder feminino, da hereditariedade, dos talentos e habilidades.

Essas memórias afetivas me inspiraram a reavivar um pouquinho desse passado, dos presentes recriados no presente, tentando recriar as pequenas bolsinhas.

Em cada ponto desse crochê, o aprendizado dessas mulheres estava em mim.

Senti as duas ao meu lado, me fazendo olhar em frente, tecendo a força e a delicadeza tão especialmente vividas por elas.

Nunca esquecerei o dia em que mamãe me entregou uma agulha estranha, de pontinha virada, um novelo cheio de doces e pacientes ensinamentos de linhas que deslizavam pelas minhas pequenas mãos. Entre nós, nos nós e laçadas, atei meu coração ao dela, criando alguns dos tantos laços.

Com esse intento de rememorar, comemoro essa data tão especial crochetando memórias, fazendo uma singela homenagem.

Para todas as mães que vivem em nós, que geram, criam e nos fazem recriar a vida, desejo lindos momentos.

Feliz felizes dias, de ontem, de hoje, dias de ter, de ser mãe!

Comentários

  1. Lindíssimo texto. Aff passando mal por aqui...🥰😶‍🌫️😌

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  2. Muita emoçao lendo essas suas, sempre lindas, palavras. Me fez lembrar tb, qdo aprendi, muito pequena, a crochetar. Mamãe me ensinou c tanta paciência, e eu gostei tanto, q me atrevi a fazer várias coisas, só q era assim.....começava fazendo uma blusa e terminava uma bolsa....kkk, nunca saía o q eu queria, sem contar, q ia me enjoando, e acabava levando pra ela terminar, daí sim ficava lindo. Parabéns Érica, por nos trazer essas delícias de. lembranças.😘😘😘❤❤❤

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  3. Bem minha cara mesmo.....
    cachecol virava uma meia soquete....kkkkkk🥰😍🤩😘🥰😍🤩

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