Pular para o conteúdo principal

À Minha borboletinha

Ilustrações: Nina Leme, bisneta da minha mãe


Minha borboletinha...

Voou, voou...com asas de anjo. Foi para longe. 

Borboleta rainha, uma espécie em extinção. Foi pousar noutros jardins.Esse aqui não está como você gostava. Esse aqui não estava dando rosas loucas e coloridas, pra serem colhidas a qualquer hora. Esse aqui está louco, sem a loucura das rosas. 

Não consigo entender. Não consigo. 

As borboletas e as flores não deveriam morrer nunca.

Quando isso acontece, o mundo fica menos colorido. O céu fica desbotado, a vida mais sem graça.

As borboletinhas dão sabores nos dias insossos. São riquezas. Elas polinizam,  fazem a vida surgir, crescer e renascer. 

Natureza, tão essencial...somos parte dela, somos ela. Tudo o que não vem dela, também não nos é tão importante. 
O que a agride muitas vezes trás consequências terríveis e trágicas. 
O “não natural” é algo dispensável.

Não. Não é natural.

Não posso entender todas essas coisas tão antinaturais. Tudo é sobrenatural. 

Não dá para acreditar e aceitar que um vírus repleto de proteção irresponsável venha destruir tantas coisas nesse mundo.

Não dá para ficar calada diante desse cenário, um jardim sem tantas borboletas e flores.

Não dá pra não sentir tanto as dores de tantas e quantas mais cores serão perdidas nessa paleta suja de escuridão, de cegueira, de estupidez e ignorância.

E agora? Foi-se minha borboletinha.

O que faço sem ela?

O que faço sem seu amor, sem seu carinho, sem seu sorriso enfeitando minha vida? 

O que faço sem suas asas que me ensinaram a voar?

O que faço sem seu colo, sem te ouvir me ouvindo, sem seu abraço de laço, de entrelaço? 

O que faço sem sua poesia, música valsando nos dias de festa, de nada, de tudo?

Você é meu norte, minha bússola. 

Me sinto tão perdida... 

Só sei que agora o céu, lá do alto mais alto, vai ter mais beleza. 

Uma Jacy, lua, estrela, brilhante como o sol.

Só sei que não tem como dizer adeus, mas sei que todas as vezes que olhar os jardins desse mundo inteiro, você vai estar neles, plantada e fincada nas minhas melhores memórias, minhas mais lindas histórias, florindo sempre o meu triste coração.

Te amo do tamanho de todas as coisas mais belas, te amo imenso,  pra sempre, eternamente.

Muita luz pra você minha luz, minha borboleta preciosa, minha mãe, mãezinha... minha linda rosa.

Comentários

  1. Cada vez que eu leio ,não contenho as lágrimas!
    Falar do amor ,da saudades, da ausência da mãe amada...só um coração de Érica, para tocar nossa alma e fazer essa conexão!!!
    Que Deus te abençoe sempre nessa linda missão de tirar palavras do coração e carinhosamente nos presentear com tanto amor!!!

    ResponderExcluir
  2. A ilustração da bisneta Nina ,fechou tudo com Chave de ouro!

    ResponderExcluir
  3. Li várias vezes prima querida, e toda vez que releio, uma lágrima a mais insiste em cair. É ver o amor brotar em cada palavra sua.❤️ Lindo demais!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Só se vê bem

Só se vê bem… Durante uma consulta no oftalmologista, ou oculista, como era chamado antigamente, "enxerguei" muitas coisas. A princípio, ora mal, ora médio, ora melhor, vi aquelas letras de todos os tamanhos projetadas na parede. Acho que nesse cineminha teste de alfabetização ocular, consegui passar, passando para uma mesma receita de óculos. Depois disso fui para uma sala fazer outros testes em outras máquinas. Uma delas dá um tipo de soprinho nos olhos. A outra mostra a imagem de uma paisagem com uma pequena casa desfocada, que vai aparecendo aos poucos. É bom quando coseguimos ver a imagem da casinha. Não sei pra que serve, mas é bonitinha. Dá uma sensação de que podemos ver as coisas mais alegres, com uma visão lúdica. Já na outra máquina, fico tensa na hora do sopro nos olhos e, de um jeito quase infantil, me assusto. Uma bobagem que faz o médico achar graça. Sou assustada como os gatos. Me assusto até com o pão quando pula da torradeira, eu… e o gato. Dessa vez fiquei ...

A-fã

  Como o verbo é importante. Sem ele o sujeito fica inerte, sem ação, sem sentido. E como fica melhor quando se permite a licença poética de conectar um ao outro, criando uma síntese na complexidade. Esse novo é tão esplêndido de reciprocidade que se encolhe na grandeza de ser sentimento, o sentido de um todo em apenas uma palavra. É o minimalismo ressignificando o que se necessita, o necessário. Com tantos sujeitos a verbos torpes, com predicados e complementos sem noção, objetivamente deveriam ser ocultos e ocultados em suas ações. Já, por outro lado, ainda se pode verbalizar poetizando outros tantos pelas ações que escrevem e os descrevem eternizados.  Assim, vejo atualmente, com admiração, alguns desses sujeitos, sujeitos e destinados a serem brilhantes. Essa admiração atua entre extraordinários movimentos de ação, entre câmeras, protagonizam cenas que me inspiram a renovar velhos cenários ordinários, elevando meus sentimentos de esperança, lapidando sonhos cinematográfico...

Dia de celebrar...

Dia de celebrar... Dia de mim por mim Feita desse feitio Confeitos Dia de renascer  Com cores  Nos cinzentos  De fênix Com sorrisos bobos E lembranças especiais  De ser especialmente lembrada Entre choros E alegrias Brilha  Com olhos de criança Bolo Coros  Velas Reluzindo a nova idade  Com doces esperanças De infância Madura Em tantos céus azuis  De agostos