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Mostrando postagens de 2021

Tempo de...

Natal... Tempo de renovar Tempo de fazer, refazendo Tempo de encontrarmos encontros, memórias Tempo de presentes, presente em lembranças Tempo de lembrancinhas Tempo de ser lembrado, de esquecidos Tempo de grandes riquezas pequenas Tempo de acender, ascender Tempo novo, novo tempo Tempo de ter tempo, no tempo Tempo de ser e estar Tempo feliz, de Natal Tempo de acrescentar e crescer nas delicadezas e mimos que só esse tempo tem.       Os presépios foram feitos por mim com material reciclável

Dias de sempre...infância

Para eternizá-la ilustro com versos do poema de Casimiro de Abreu, "meus oito anos". Oh! que saudades que tenho Da aurora da minha vida, Da minha infância querida Que os anos não trazem mais! Que amor, que sonhos, que flores, Naquelas tardes fagueiras A sombra das bananeiras Debaixo dos laranjais! Como são belos os dias Do despontar da existência! Respira a alma inocência Como perfumes a flor; O mar é lago sereno, O céu um manto azulado, O mundo um sonho dourado, A vida um hino de amor! Que auroras, que sol, que vida, Que noites de melodia Naquela doce alegria, Naquele ingênuo folgar!  O céu bordado d’estrelas, A terra de aromas cheia, As ondas beijando a areia E a lua beijando o mar! Oh! dias da minha infância! Oh! meu céu de primavera! Que doce a vida não era Nessa risonha manhã. Em vez das mágoas de agora, Eu tinha nessas delícias De minha mãe as carícias E beijos de...

Thérèse

Teresinha… Chamar-te de querida, amiga e irmã me faz crer tão próxima. Com essa liberdade posso te abraçar com o coração, vê-la nas flores e te sentir nas coisas belas. Em todos os momentos me asseguro como são difíceis as grandes pequenas coisas.  Dentro das insistências, entre erros e acertos, tento te aprender. Muitas vezes, minhas imperfeições, misérias e fraquezas não compreendem tua força. O pequeno caminho fica distante e longo demais, a ponto de querer desistir. Mesmo assim, apreendo o que posso em minha alma. Neste e entre tantos outros momentos, posso sentir tua presença, apontando direções, desenhando a esperança renovando as cores, os amores. Tua imagem imprime em mim a beleza, a fé e a gratidão. Tua presença iluminada me faz seguir nos escuros, buscando o brilho que transforma dores em flores. Tua existência é resistência no amor. Permanecer em você é existir num mundo melhor, feito da pequenez de grandezas imensuráveis, com importâncias verdadeiramente val...

Setembrando

Setembrando Lembro dos dias de independências tão dependentes.  Tempo de outras eras.  Era dos tempos de escola primária, entre as décadas de 60 e 70. Era do tempo de dias de desfiles, de uniformes, de inconformes. Eram anos de chumbo, da ditadura militar, das ditaduras todas encobertas por uma nuvem de repressão, tabus e preconceitos. Isso se refletia e influenciava em tudo, no nosso cotidiano, na nossa família, em todos os lugares. Sentia, nesses tempos sombrios, uma estranha alegria ingênua por conta das delícias genuínas da infância que se fundiam com um peso do que eu desconhecia. Talvez fosse o sabor do mistério, das portas e bocas fechadas. Mas onde mais sentia os reflexos desse tempo, sem consciência nenhuma do que se passava por conta da minha inocência, foi nas vivências e experiências na escola. Dentre as muitas memórias escolares lembro que o uso do uniforme era obrigatório. Além disso, tinha que ser impecável, conforme as exigências e a rigidez vindas ...

CRÔNIcafé

CRÔNIcafé Sabe aqueles dias que você acha que será um dia daqueles? Todo mundo conhece isso. Geralmente tudo acontece logo quando você acorda. Mesmo arriscando colocar primeiro o pé esquerdo fora da cama, você acha que tá tudo bem mais ou menos e segue em frente. Toda dolorida, de uma noite mal dormida, você espreguiça, calça os chinelos, vai ao banheiro fazer as coisinhas que precisa e depois pra cozinha. Ainda sonolenta você "pensa" que vai tomar um cafezinho bem adoçadinho, buscando nesse momento aquela fezinha do bem, de todo dia, pra todo dia ser melhor.  Aí, uma surpresa nada doce.  Uma cena bem estranha… A cozinha toda cheia, ou melhor, "cheíssima" de cacos de vidro, muitos cacos e caquinhos, no chão, pia, fogão, tudo. Uma "cacolândia": um parque de pura diversão, de graça e muito sem graça. E o que seria isso? Um terremoto que quebrou os vidros? Coisas da pandemia? Ou um pandemônio? Ou será que todos os copos resolveram fugir do isolamen...

Dia de Santo

Hoje, dia de Santo Antônio. Santo querido, há tanto tempo na família. Mesmo que ao acaso, sua imagem sempre esteve presente abençoando a minha casa. Tantas lembranças, tantas histórias... Desde criança te admiro, ora como santo, ora na minha imaginação infantil (nem tanto). Te olhava - com um pouquinho de medo - sobre a cômoda alta, altar improvisado, em toda a sua altura, modelada no gesso. Talvez pela aparência, que eu não entendia. Sua imagem grande fazia sombras enormes e crescia no escuro do quarto. Isso acontecia quando via aqueles antigos "filmes de vampiro" pois achava semelhanças nas vestes. Hoje sei o quanto posso te admirar, sem medo.  Muito além das simpatias, das aparências, sei que é preciso entender a sua verdadeira importância, os seus ensinamentos, a sua riqueza espiritual nos fazendo ver e acolher os pobres e desfavorecidos. Nesse seu dia meu pai e minha mãe sempre seguiam a tradição de buscar os pães abençoados, trazendo-os com alegria para casa...

Sinto falta...

Sinto falta... Sinto falta da alegria nova, do afago dos dias em que era criança. Sinto falta dos desenhos que minha mãe estampou poucas vezes nos meus cadernos escolares. Sinto falta do colorido dos pequenos coqueiros e flores miúdas que ela tão timidamente coloria com lápis de cor. Sinto falta da mãe sentada ao meu lado, só minha. Sinto falta do protetor, do medo fantasioso, da coragem infantil. Sinto falta de mais lembranças. Sinto falta do tempo, sem tempo, com tempo, de não faltar nada. Sinto falta de gostos que não passam e dos desgostos que se acabam. Sinto falta do tempo de lembrar, do tempo de esquecer. Sinto falta de sabores, de cores, de cheiros, de passeios. Sinto falta de paisagens, de passagens, de viagens que viajam em mim. Sinto falta de tantos amores que nem sei se eram de verdade mas que, por amor, acreditei verdadeiros. Sinto falta das companhias, das músicas, dos dias barulhentos e repletos, dos silêncios que davam vontade de rir e não de chorar. Sinto f...

Hoje... feriado

Hoje... feriado No calendário um 21 em destaque Dia de história História que conheço desde as figuras nos livros e dos decalques colados  no caderno de Estudos Sociais História que confunde  e funde histórias na mente de criança Um Jesus enforcado? Um Judas com outro nome? Um dentista? Que história confusa  para quem tem tanta imaginação História de um país que se confunde desde o tempo que crescemos Que triste quando se revela  o que não se pode nem imaginar  dessa história Histórias...  páginas de tantos tempos infelizes País adulto  que não cresceu na verdade  de tantas histórias País hilário desde os tempos  sem história País onde tudo parece pequeno quando escreve sua história São maus vestidos de bons feios  fardados de belos justos, injustos País onde Silvério dos Reis passa a ser rei  e pensa ser Tiradentes País quase sem dentes que mastiga o nada de pratos vazios País que atira que mata a sede  e a fome da tirania ...

Luando

Luando Num quase silêncio grita em mim esse momento Rua vazia esvazia os medos calando dores me enche de paz A natureza se reveste de sutilezas pra me fazer feliz Lua… Bela Vista de janela veste em mim uma veste de outrora desnuda minha alma vestindo meu olhar com poesias e delicadezas perdidas nos maltrapilhos entretantos de auroras Lua... Nesse instante livre em mim passeia rodeia passeando transpõe meus muros  ofuscando meus escuros Lua... Ausente  se fez presente num repente me presenteia com sonhos  reluzentes Lua cheia... Amante em sua teia  provocante de galanteios me lisonjeia com recheios doces  de luas de mel cobrindo os amargos devaneios   o fel dos meus anseios Lua... Junto a ela  um planetinha vermelho reluz parceiro faceirando faceiro como as pequenas frutinhas da árvore em frente a minha janela Nesse olhar tudo se enche de ânimo em esperas na esperança silenciosa  que não desespera Nesse luar renovo cada canto adorm...

À Minha borboletinha

Ilustrações: Nina Leme, bisneta da minha mãe Minha borboletinha... Voou, voou...com asas de anjo. Foi para longe.  Borboleta rainha, uma espécie em extinção. Foi pousar noutros jardins.Esse aqui não está como você gostava. Esse aqui não estava dando rosas loucas e coloridas, pra serem colhidas a qualquer hora. Esse aqui está louco, sem a loucura das rosas.  Não consigo entender. Não consigo.  As borboletas e as flores não deveriam morrer nunca. Quando isso acontece, o mundo fica menos colorido. O céu fica desbotado, a vida mais sem graça. As borboletinhas dão sabores nos dias insossos. São riquezas. Elas polinizam,  fazem a vida surgir, crescer e renascer.  Natureza, tão essencial...somos parte dela, somos ela. Tudo o que não vem dela, também não nos é tão importante.  O que a agride muitas vezes trás consequências terríveis e trágicas.  O “não natural” é algo dispensável. Não. Não é natural. Não posso entender todas essas coisas tão antinaturais. Tudo...

Cansada

Tô cansada  Dessa pandemia Tô cansada... Tô cansada  Noite e dia Dia e noite De tanta sangria Tô cansada Tô cansada Da dissimulada euforia De insana sabedoria De tanta patifaria Da zombaria Tô cansada Tô cansada Dessa droga de anomalia Dessa lenta melhoria Do medo e fobia Da apatia Tô cansada Tô cansada  De tanta acrobacia Vazias de utopia Cheias de ironia Tô cansada Tô cansada Da vacina minoria  Do contágio maioria De tanta hegemonia De falsa regalia Tô cansada Tô cansada  De tanta rebeldia De grosseria Da teimosia De antipatia Da falta de empatia Tô cansada Tô cansada  Da pouca companhia Reduzida parceria Do mundo em desarmonia Sem magia Tô cansada Tô cansada  Da escassez de poesia Da ausência de cantoria Da afonia Dessa triste melodia Tô cansada Tô cansada Da ufania Sem sincronia De falsa alegria De tonta nostalgia Tô cansada Tô cansada Dessa agonia Tô cansada... Tô cansada De toda essa porcaria Tô muito Muito... Cansada

Dia de todos os dias da mulher

8 de março Dia de todos os dias da mulher Temos pouco ainda... e um muito ainda do tanto a fazer   Cada cansaço cada passo cada dia é dia de querer os dias de comemorar Tantas são a s incansáveis frestas entreabertas entre poucas soluções Tantos são os conflitos Em meio Há tantas aflições Tantos são os tempos entrelaçados entre rendas Tempos de passados costurados bordando posturas   em retalhos   Tempos presentes com remendos de erros  e acertos   São tantos os feitos sem efeitos e muitos outros tantos a serem feitos   Luta que sempre está estamos estou Escaramuça dura amarga coberta da forte ternura Que insiste Não desiste E revela um gênero generoso em doçuras

À árvore da minha vida

À árvore da minha vida 20 de fevereiro. Aniversário de alguém muito especial: ”minha mãe”. Assim como eu, ela também escreve há muito tempo.    Seus muitos escritos, vez ou outra, nos dão o ar de sua graça. Eles aparecem rabiscados em papéis avulsos, nos cadernos abandonados e velhos, espalhados por todos os cantos, revelando em pedaços de papel o inteiro dos seus encantos. Neles existem sonhos, desejos e sentimentos guardados, muita história de vida, de vidas, tão intensamente vividas. O reconhecimento por essa habilidade poucas vezes se fez presente. Sua alma linda transparece no escreve. E sei o quanto é importante ser “lida”, reconhecida e admirada por isso. Hoje, mãe querida, no esplendor dos seus 89, quero que todos possam vê-la além dos doces, das suas doçuras e de todas as suas belezas. Espero que seu talento ainda seja recompensado. Desejo que continue grande e forte como os pinheiros, “que se vergam com o vento mas jamais nenhum vento os derrubará”. Seja sempre a...

Inadmirável mundo novo

INADMIRÁVEL MUNDO NOVO Hoje, dia 18 de fevereiro, faz 11 meses, 48 semanas, 337 dias, 8.088 horas ou 485.280 minutos que só coloquei quatro vezes o "nariz" fora de casa. Pode parecer insano para muitos. Outros tantos irão entender como resiliência, disciplina e paciência - pela sanidade - e tudo mais que quiserem pensar. Isso não foi, não é, nem continuará sendo fácil. Porém, vivo o difícil, sobrevivendo o dia a dia, vivendo os dias no seu "cada um". Confesso que não percebi que todo esse tempo já tinha passado.  Passado. Essa é a razão maior do nosso presente. Viver todos os dias, deixando que o passado seja o nosso futuro, é um presente.  Vivendo o presente da melhor forma me fez sentir que não consegui, quase que em momento algum, assistir o tédio e as muitas séries, que se levam tão a sério nesse momento. Vivi cada segundo do agora achando ainda que faltavam horas num mesmo dia. Não senti tampouco a falta de liberdade. Somos muitas vezes presos naqui...

Revivescendo

Hoje planto uma nova semente. Pretendo vê-la florescer, em flores, cores e sabores. Pretendo ser e abrir uma ou muitas portas, de mim... jardins. Tomara que pássaros e abelhas passeiem por aqui. Tomara que as lagartas também venham e voem, coloridas. *Ilustração: Idee - Roberta Topini  Fonte: Pinterest